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The Barefoot Contessa
A Condessa Descalça
Vendo a jovem babysitter, ou moderna mamã, com o bebé no carrinho, no Passeio Marítimo de Oeiras, lembrei-me de um postal de meados do século XX, no qual aparece uma jovem portuguesa, bem natural, a caminhar descalça, e Sofia Loren, toda produzida, a fazer publicidade a uma marca de sabonete.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgILZ5zYAYKXG-d7FX90MdiXep0m9Sq8sLdyomsrZGLok9QktynO_G14airA-PWwnuYyFaRtP9nFdyNJqZznsvZAz-gf__NMjC5Djj4Enbq7jgFoD6TLH1ZldCke_ClJ70x0qlIm9nFlr4/s400/DSC07137b.jpg)
Embora ache bastante sensual uma mulher com sapatos de salto alto, admito que a jovem da foto não perde sensualidade por andar descalça num espaço público, pois por onde passou, atraiu a atenção de ambos os sexos. E não há um provérbio que diz “O que é bonito é para se ver?” Ora, aí está!Há uma diferença abissal, no tempo e no espaço, entre as duas jovens descalças. A varina lisboeta não se calçava por falta de rendimento para comprar chinelas; a loura urbana anda descalça no Paredão, pelo prazer que lhe deve dar libertar-se de convenções sociais.
Em meados do século XX, nas ruas de Lisboa eram tantos os pés descalços que Salazar impôs uma lei a multar quem não andasse calçado. Em democracia, em 2008, seria impensável o Estado multar um cidadão por andar descalço!
Antigamente, andar descalço era sinónimo de pobreza; na sociedade de consumo, andar na rua com aparência negligée, é chique para as elites liberais da Linha do Estoril e, para as massas, um sinal de desafogo económico e fruição de uma liberdade individual.